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FRACTURAS DOS CONDILOS FEMORAIS

 

Por fracturas da extremidade distal do fémur, consideram-se os processos fracturários que se desenvolvem nos 10 a 15cm distais deste osso.

De entre estas fracturas, encontram-se as fracturas dos côndilos femorais, que são consideradas fracturas articulares.

As fracturas dos côndilos femorais podem ser: unicondilianas, supracondilianas e ainda, supra e intercondilianas.

As fracturas unicondilianas representam perto de 15% das fracturas distais do fémur e são originadas por um traumatismo violento, frequentemente em acidentes de veículos de duas rodas. São caracterizadas por apresentarem um fragmento ósseo na parte posterior do côndilo. O côndilo externo é frequentemente o mais atingido, por razões anatómicas do joelho.

De entre as fracturas unicondilianas, há vários tipos de fracturas: fractura de Hoffa (5%), fractura de Trillat (45%), fractura troclea-condiliana anterior (25%) e fractura troclea-condiliana sagital (25%). As fracturas supracondilianas são caracterizadas por apresentarem um traço de fractura que separa a zona epifisária que está intacta da zona diafisária. São fracturas que não atingem as superfícies articulares do joelho e representam cerca de 70% de todas as fracturas do fémur distal. Estas fracturas podem ser de difícil redução devido à acção de grupos musculares importantes (gémeos e quadricípete crural) e à impactação dos fragmentos ósseos.

As fracturas supracondilianas do fémur podem variar de acordo com a orientação do traço de fractura e da quantidade de osso envolvido.

As fracturas supra e intercondilianas do fémur associam um traço de fractura supra condiliano com outros traços na região articular. Representam perto de 30% das fracturas da extremidade distal do fémur e dão origem a grandes problemas na osteossintese devido à sua constante cominução e à perda de orientação das referências articulares. Estas fracturas ocorrem por traumatismos violentos ou por quedas banais (15%), em doentes com osteoporose ou dificuldades na marcha por problemas na anca homolateral (rigidez).

A gravidade destas fracturas depende da magnitude do traumatismo, da orientação das forças actuantes e da qualidade do osso. As fracturas podem ser de traço simples (60% das fracturas intra e supra condilianas) ou com cominução na metáfise (18%) ou na epifise e metáfise. (22%).

O diagnóstico das fracturas dos côndilos femorais é relativamente fácil e é feito por radiologia nas incidências normais, excepto nas fracturas unicondilianas, onde o diagnóstico necessita de incidências adicionais. Nestas fracturas o diagnóstico mesmo assim pode ser difícil e por vezes há necessidade de completar a sua avaliação com uma TAC. Estas fracturas da extremidade distal do fémur podem apresentar lesões associadas importantes, como lesões da pele e restantes tecidos moles envolventes (20%), lesões vasculares da artéria poplítea (1%), lesões nervosas do ciático poplíteo externo (1%) e fracturas associadas noutra área anatómica (53%), referindo-se as fracturas dos planaltos tibiais, da rótula e da diáfise femoral.

Quando ocorrem lesões vasculares, o prognóstico da viabilidade do membro é reservado e um caso em cada 3 pode conduzir à amputação. As lesões ligamentares do joelho associadas não são invulgares, pelo que pela dificuldade na sua avaliação e diagnóstico, devido às dificuldades de testar uma articulação traumatizada, é mandatório estudo complementar nesse sentido.

Rui Dias, Dr.  (Cirurgião ortopédico)