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DOENÇA DE OSGOOD-SCHLATTER

 

 Rapaz de 13 anos com doença de Osgood-Schlatter

Trata-se de uma osteocondrite de tracção, localizada na área da cartilagem de crescimento da tuberosidade anterior da tíbia e surge em jovens, geralmente entre os 10 e os 14 anos.

Resulta da tensão excessiva e repetida do tendão patelar sobre a apófise do tubérculo tibial anterior.

Esta lesão pode ser considerada como uma fractura-avulsão parcial, a nível da junção do tendão patelar na tuberosidade anterior, na sequência de micro e macro traumatismos repetidos. Durante o processo de ossificação deste tubérculo tibial, há um fase de maior fragilidade local, com uma consequente diminuição da resistência às forças de tensão, podendo por isso apresentar-se fragmentação óssea a esse nível e o consequente destacamento anterior ocorrer pela tracção. Geralmente é uma patologia unilateral.

Há significativa associação com as actividades desportivas de maior solicitação do aparelho extensor do joelho, como o futebol, basquetebol, voleibol, andebol.

Os jovens referem dor a nível da região anterior e proximal da tíbia, na área da tuberosidade, nomeadamente ao saltar e ao correr, durante a prática desportiva ou associado a simples actividades de vida diária, situações em que há maior solicitação muscular quadricipital.

Agrava-se assim com a actividade física e melhora com o repouso. A queixa dolorosa pode manifestar-se também quando há contacto directo ou pressão local ao ajoelhar. Este quadro clínico tem normalmente uma evolução arrastada e desenvolve-se por surtos.

Na avaliação clínica, há consistentemente dor e defesa na palpação da região da tuberosidade anterior da tíbia, acompanhando-se por vezes uma tumefacção local com envolvimento dos tecidos moles.

Na avaliação radiológica de perfil do joelho pode observar-se proeminência, irregularidade e fragmentação do tubérculo tibial anterior. Estes sinais radiográficos normalmente não estão necessariamente relacionados com a exuberância do quadro clínico.

 A Doença de Osgood-Schlatter tem uma evolução favorável,  com melhoria do quadro clínico e funcional, com a maturação óssea. É auto-limitada. O tratamento  das situações agudas e ou dos surtos, enquadra-se em protocolo de carácter conservador que deve ser adaptado à agressividade e à fase evolutiva da doença. Normalmente  a simples suspensão da prática de actividade desportiva, ou a modificação ou limitação das actividades que provocam a dor ( flexão forçada e ou extensão abrupta e acentuada do joelho ) é suficiente para proporcionar estabilidade local e lograr-se ambiente favorável para a auto-limitação do processo. Só em situações excepcionais e consequentemente mais graves, pode haver a necessidade de imobilização temporária do joelho. Como complemento e para dissipação da sintomatologia álgica, o recurso a terapêutica analgésica e ou anti-inflamatória pode ser muito útil, desde que controlada e vigiada pelos progenitores. Muito raramente, pode ser necessária a excisão cirúrgica dos fragmentos ósseos presentes nos casos refractários.

Como complicações por ausência de acompanhamento médico e consequentemente de orientação adequada, pode ser referida a dor crónica, a avulsão da tuberosidade anterior da tíbia ou a presença de ossículo doloroso na idade adulta.

João Corte Real, Dr.